Como não amar a “Oração da Gestalt”

Reflexão

A “Oração da Gestalt”, é um pequeno poema escrito pelo fundador da Gestalt-Terapia, Fritz Perls (1893-1970), e considerada uma síntese da sua visão sobre as relações interpessoais.

Tal “oração” trás com ela um mensagem muito linda que nos faz pensar por uma outra ótica. Por vezes, quando apresento ela aos meus alunos em nossas aulas, percebo em algumas situações onde ela acaba por não ser compreendia ou então é mal interpretada. Vamos então refletir um pouco sobre ela.

Um aspecto muito importante que temos que levar em consideração, aqui, é a questão da responsabilidade, que vem lá do existencialismo e que é composto pela vontade, pela liberdade e a responsabilidade.

De uma forma mais prática, o indivíduo é entendido como uma entidade inteira, e não divisível, assim o elemento que se torna figura da “Oração” é a questão de “nos encontramos ou não”.

Quando pensamos no “Eu sou eu” em qualquer relacionamento maduro e saudável, trata de que eu saiba quem sou, que o meu eu reconheça e aceite todas as partes que compõem minha individualidade, mas acima de tudo, temos que aceitar o conceito de individualidade de cada um na relação. Em diversas situações sentimos a necessidade de buscar determinadas respostas, especialmente naquelas pessoas com quem nos relacionamos. E pode ser algo que elas não podem dar.

Já avançando um pouco no pensamento “Você é você”:  teremos capacidade de ver o outro, reconhecer o outro como outro, diferente de mim. Temos a tendência de projetar nossos sentimentos, expectativas, conflitos, significados, na outra pessoa. Principalmente quando não temos uma consciência clara desses aspectos. Interpretamos muitos comportamentos das outras pessoas como algo dirigido a nós, quando, na maior parte das vezes, esses comportamentos têm a ver com o referencial delas, não tem nada a ver conosco.

Depois de nos encontramos e respeitarmos a nossa individualidade e a do outro, podemos assim nos encontramos. Se houver um encontro de duas pessoas com vontades, expectativas e desejos de ambas as partes, isso, efetivamente, será LINDO.

Mas quando refletimos sobre “não há nada a Fazer”, partimos do pressuposto que ninguém pode se obrigar a querer aquilo que não quer, a ser aquilo que não é, a passar por cima dos seus limites, a ceder onde não dá para ceder.

Se este encontro de desejos não acontece você se frustra, e ao persistir em não respeitar a sua individualidade, se constrói tristeza onde deveria haver felicidade, desunião no lugar do encontro.

Em um sentido mais abstrato, conseguimos encerrar nossos conflitos emocionais quando finalmente entramos em contato com a verdade dos fatos como eles são; quando nos damos conta das verdades que tantas vezes evitamos justamente por ser dolorosa.

Sendo assim podemos enxergar a “oração” como um convite de Fritz Perls, para que nós empenhemos em trazer para nossa vida e nossos relacionamentos auto responsabilização, Em outras palavras, eu sou responsável pelo meu caminho, você é responsável pelo seu. Eu sou responsável pelas minhas dores, você é responsável pelas suas.

A pessoa consciente é uma pessoa completa. Fritz Perls

 

 

Friedrich Salomon Perls, mais conhecido como Fritz Perls, Vam

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